O mês de janeiro recente se destacou como o mais quente já registrado globalmente, assinalando um período de 12 meses em que as temperaturas médias ultrapassaram mais de 1,5ºC (2,7ºF) em relação aos tempos pré-industriais, de acordo com o serviço de monitoramento de mudanças climáticas da União Europeia divulgado nesta quinta-feira.
O ano de 2023 foi identificado como o mais quente já registrado no planeta, conforme os registros globais remontam a 1850, devido às mudanças climáticas induzidas pelo homem e ao fenômeno do El Niño, que aquece as águas superficiais no leste do Oceano Pacífico, contribuindo para o aumento das temperaturas.
“É um marco significativo testemunhar a temperatura média global em um período de 12 meses excedendo 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais pela primeira vez”, declarou Matt Patterson, físico atmosférico da Universidade de Oxford. O janeiro mais quente registrado anteriormente foi em 2020, conforme os registros do Copernicus Climate Change Service (C3S), que datam de 1950.
Os países concordaram nas negociações climáticas da ONU em Paris, em 2015, em manter o aquecimento global bem abaixo de 2ºC (3,6F) e buscaram limitá-lo a 1,5ºC, considerado um limiar crucial para evitar consequências mais severas.
Embora o período de 12 meses ultrapassando 1,5ºC não represente necessariamente o fracasso das metas de Paris, pois o acordo da ONU refere-se a uma média global de temperatura ao longo de décadas, alguns cientistas afirmam que a meta de 1,5ºC pode não ser mais alcançável realisticamente. Eles instam os governos a agir rapidamente para reduzir as emissões de CO2 e limitar a ultrapassagem da meta.
“Reduções rápidas nas emissões de gases de efeito estufa são a única maneira de evitar o aumento da temperatura global”, enfatizou Samantha Burgess, vice-diretora do C3S.
Entretanto, desafios econômicos e políticos estão dificultando a implementação de políticas para reduzir as emissões, enquanto os políticos enfrentam pressões para a reeleição em um ano desafiador para a democracia.
Cientistas americanos afirmam que 2024 tem uma chance em três de ser ainda mais quente do que o ano anterior, e uma probabilidade de 99% de estar entre os cinco anos mais quentes já registrados. Embora o El Niño esteja enfraquecendo, há indicações de que poderá transitar para a contraparte mais fria do La Niña ainda este ano.
Apesar de ser inverno no hemisfério norte, partes da América do Sul experimentam verões escaldantes. A Argentina enfrentou uma onda de calor entre 21 e 31 de janeiro, enquanto Santiago, no Chile, registrou sua terceira temperatura mais alta já registrada, ultrapassando os 37ºC. O calor intenso no centro do Chile desencadeou incêndios florestais que resultaram em pelo menos 131 mortes no início de fevereiro.
Fonte: Reuters